A ciência que mais se beneficiou com o mapeamento do genoma humano foi a Nutrição. Finalmente entenderam que (quase) tudo o que está dentro da célula foi ingerido e irá influenciar totalmente a expressão genética.
Sim, o que a gente respira também, principalmente se for tóxico.
Herdamos os genes dos nossos pais, e o estilo de vida deles também influencia em nos enviar genes silenciados ou ativados. Resumindo: Pais com hábitos saudáveis geram filhos mais saudáveis.
Aprendemos nesses anos recentes de pesquisa, que genética não é sentença e sim tendência. Podemos expressar ou não as nossas heranças, tanto boas como as ruins. Para isso temos que entender que, além das nossas escolhas alimentares, a atividade física, o estado emocional e a qualidade do sono também interferem na expressão dos nossos genes.
Claro que existem heranças genéticas mais complicadas, mas estamos aprendendo a lidar com isso também.
O alimento, que na maioria das vezes escolhemos pelo sabor, pelo conforto – depois que é absorvido vira um amontoado de moléculas químicas que interagem com o seu genoma. Tradicionalmente, seu organismo conhece as moléculas mais naturais e sem tanto processamento e reage muito melhor a elas.
Alimentos muito processados como, por exemplo, as bolachas (mesmo as tais “integrais”) são moléculas completamente diferentes e seu consumo constante causa uma resposta inflamatória que pode ser mais ou menos grave dependendo do contexto geral de vida da pessoa, interferindo na expressão de vários genes. Sem contar conservantes, emulsificantes e similares que são moléculas que nosso corpo não sabe o que fazer com elas – xenobióticos – e dependem de um sistema perfeito de detoxificação para eliminá-las do organismo.
Esta resposta, que chamo aqui de “inflamatória”, pode despertar genes de doenças que estavam lá, silenciados. Ou podem bloquear a expressão de genes protetores, também levando a desequilíbrios metabólicos.
A alimentação ocidental é pobre em diversos nutrientes: magnésio, selênio, zinco, B12, ácido fólico, Vit E, entre outros tantos. Entendemos hoje, mais do que nunca, a importância destes nutrientes para o funcionamento normal do metabolismo e, se já ocorre a expressão da doença, o consumo nutricional adequado reforça os sistemas de defesa, melhorando a recuperação.
Este final de semana, estudando artigos sobre nutrição e o SARS-COV2, cheguei a conclusão de que esse vírus, como tantos outros, se aproveitam de organismos desnutridos, com inflamação subclínica (que não apresentam sintomas clínicos). Os casos que mais complicam sempre são aqueles com deficiências metabólicas, com nível de estresse elevado. Isso ocorre em qualquer doença viral. Há aqueles que pegam fácil e há aqueles que tem mais proteção. No final, o que conta mesmo são suas condições gerais de saúde para se defender do vírus. Não é estranho vermos idosos de 90 anos se recuperando e crianças morrendo? Sim, temos idosos muito saudáveis e crianças muito mal alimentadas e com nível de estresse elevado.
Vida saudável: dormir bem, comer alimentos mais naturais, fazer atividade física com regularidade e arrumar uma forma de lidar com o estresse protege seu corpo de diversas doenças e o deixa mais resistente para lidar com outras que ele nem conhece.
Genética não é sentença!
Elis Regina Pazini
Nutricionista
@elisrpemail: elispazini@gmail.com
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