Leio Françoise Dolto para me aprofundar na disciplina de psicomotricidade, nisso a psicanálise pode tentar explicar o inconsciente, essencial quando o tema é corpo/espaço/tempo.
Dolto aborda o nascimento como a primeira castração, no sentido que atribuímos ao termo. Chegar ao mundo enquanto ser humano é emocionalmente complexo. Ser aceito ou não tal como é, frustrante ou gratificante para o narcisismo de cada um de seus pais, configura-se um papel no mínimo simbolígeno para o recém-nascido.
O que separa o corpo da criança do corpo de sua mãe, e que o faz viável, é a secção do cordão umbilical e sua ligadura. Não tomamos conta, nem mesmo os pais que, o feto já era constituído pelos seus próprios ritmos, calor, sonoridade, percepções fetais e, num rápido acontecimento, há uma variação brusca destas percepções, em particular a perda, para as pulsões passivas auditivas, da dupla batida do coração que a criança ouvia no útero.
A cicatriz umbilical e a perda da placenta podem, ser consideradas como uma pré-figuração de todas as provas que chamam de castração umbilical. Apenas a primeira, passamos e passaremos por outras tantas.
Enquanto não chega à última, só nos resta viver sem sofrimento das perdas.
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