Faltava um empurrão, Elis me ajudou. Escutei neste último mês varias vezes “O que foi feito devera” ela, a Elis, acompanhada do Milton. Do começo; era o ano de 1984, começo de março, dois dias depois de receber o diploma da Universidade, embarco para Rondônia para mudar o Brasil. Detalhe, de ônibus, quando Mato Grosso era Mato Grosso, o resto é história. “Preciso aprender os mistérios do mundo para te ensinar” cantava Milton para me ensinar.
A história é longa, não tem outro jeito, a escrita será por série, coisas da modernidade.
Prometi, no embarque da viagem, que a aventura se tornaria um aprendizado, sem sacrifícios, sem lamentações e com muito tesão. Lógico que no decorrer do processo cristão/aventura/profissão descobri que não podia mudar muita coisa. Mas isso é para um outro capítulo. Eis o encontro, a viagem foi com muito sacrifício, muita lamentação, mas com muito tesão. Só por isso escrevo este.
Começo pela viagem de ônibus, não, desculpe, começo pela razão em escrever este texto. Semana passada embarquei para Porto Velho, sim, isso mesmo. E daí? Promessa amigo/a! Prometeu, que pague, mesmo que na época tudo era segredo. Prometi baixinho porque não sabia se poderia cumprir. Mas chegou a hora. Não podia esperar mais. Qual a promessa, perguntam os mais apressados. Prometi e refleti no retorno de Rondônia, também voltando de ônibus – quer sentir pena? Naquele ano para chegar em Porto Velho de ônibus, demorei longos e estridentes 5 dias, pode chorar – que, um dia poderia voltar para agradecer a experiência que recebi, como profissional, homem e viajante. Pois então, voltei para agradecer.
A experiência de viajar jovem é digno de filme de Indiana Jones, a gente sempre acha que vai dar certo, mesmo que tudo indique o contrário, mas dá certo, como Jumanji. Viajar na maturidade, é experiência existencial, como pregou Winnicott, “experiência vivida ou ser vivida” um modo não metafísico de encarar a psicanálise. Quem sabe aí da minha resistência em procurar ajudas de especialistas e me apoiar ou fugir nas viagens.
Agora sei que voltarei de avião, em 84 nem sabia se voltaria. Hoje vou por recursos próprios e sem necessidade de buscar um emprego. Nos anos 80 buscava minha identidade, meu espaço, fugir do que me acolhia. Sem saber disso, um dia imaginava que poderia esconder sem saber que nada se esconde, o menino que sempre fui e serei, embarcou de novo para resgatar belas passagens. Escrevi meu diário numa caderneta, hoje, no iPad. Cinco dias de viagem para chegar o mais rápido para realizar um sonho, hoje, em dois dias, para contar uma história e curtir o tempo.
Já está muito longo este texto, não quero chatear ninguém, continuo depois que reverenciar o que estou vivendo.
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