Acalanto
Noite após noite, exaustos, lado a lado, digerindo o dia, além das palavras e aquém do sono, nos simplificamos,
despidos de projetos e passados, fartos de voz e verticalidade, contentes de ser só corpos na cama;
e o mais das vezes, antes do mergulho na morte corriqueira e provisória de uma dormida, nos satisfazemos
em constatar, com um aponta de orgulho, a cotidiana e mínima vitória: mais uma noite a dois, e um dia a menos.
E cada mundo apaga seus contornos no aconchego de um outro corpo morno.
Por: Paulo Henriques Britto
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