Ensaio é um dos modos de escrita acadêmica que passou décadas excluída da academia, pelo menos das formas de saber e de pensar que dominam no mundo acadêmico. Tão excluída que muitos alunos saem da universidade sem saber o que é um ensaio. Confesso, me divirto arriscando e sofro na escrita de um ensaio (na maioria das vezes, não consigo). Adorno um dia escreveu sobre o tema: “A Lei formal mais profunda do ensaio é a heresia.”
Heresia ou não, trago Newton para explicar um pouco da nossa ignorância visual, de como somos frágeis na reinterpretação dos olhares. Acho que ele, Newton, foi o primeiro a afirmar que a luz não tem cor, sendo assim, a cor só pode aparecer em nosso cérebro. Ele disse “As ondas em si mesmas não são coloridas.” Não sei qual foi a experiência para chegar nesta conclusão, mas, bingo! É sobre esse tema que insisto em escrever e sofrer.
Descobrimos então que “as ondas de luz são caracterizadas por diferentes frequências de oscilação e, no contato com a retina, desencadeiam uma série de fenômenos neuroquímicos cujo resultado é uma imagem mental interna que chamamos de cor.” Para ser mais direto, aquilo que vemos colorido não é feito de cor. Não é interessante este fenômeno? Não se decepcione, então, aquela rosa que você ganhou um dia, não é rosa, vale a lembrança.
Outro exemplo, este é clássico: Quando uma árvore cai na floresta, sem que haja ninguém por perto para ouvir, podemos dizer que produziu som? (A pergunta foi feita pela primeira vez pelo filósofo irlandês George Berkeley). Não, o som também é uma imagem mental criada pelo cérebro em relação às moléculas em vibração.
Para terminar, tudo que vivenciamos é uma criação cerebral, sentimos e percebemos, reinterpretamos o mundo a cada segundo, para darmos forma e sentido na existência.
Portanto, ao escutar ou ver algo que não gostou, se esforce e reinterprete pelo lado bom, pelo lado amigável. Isso não sei como fazer, mas da para tentar. Não é autoajuda, por tentativa e erro.
Deixe um comentário