Darwin estava certo em quase tudo, menos na construção dos olhos, dizia Einstein. Os olhos são lindos e perfeitos para serem apenas resultado de uma evolução. Certos ou não, nesta discussão de gigantes, o que importa é entender como os olhos foram sendo estudados. Outro gigante participa dessa história, Galeno. Este, quando descreveu os olhos, usou uma ótima analogia: “as camadas dos olhos parecem com camadas de roupas (os poetas dizem, camadas de cebola) – tunicae, ou túnicas.” Fica mais fácil entender como os olhos são constituídos, cada camada do olho tem sua própria forma, não sendo necessariamente feita do mesmo material. Galeno explicava que o paletó cobre a camisa, mas não completamente.
Outro exemplo, a camada mais externa, o branco dos olhos, é a sclera (esclerótica). Parte de uma camada. Esse termo, não é de Galeno, mas uma criação inglesa, de 1888, a partir de um adjetivo grego que significa “duro” e foi “moldado a fim de parecer um termo latino.” O branco dos nossos olhos também é constituído de colágeno, como também a córnea transparente, “a janela da alma”, dos artistas.
No interior da esclerótica há uma túnica intermediária, a úvea. Acreditem ou não, Galeno associou a fruta uva, pois são similares, inclusive o cacho. “Por volta de 1525, sem nenhum motivo, foi adicionada a letra “e”. Na prática podemos constatar o “cacho de uva”, quando seccionamos um globo ocular na altura da pupila, uma das mais exatas e poéticas descrições da anatomia. Bonito, não?
Pulando um pouco essas camadas, para não ficar muito demorado, vou direto à última túnica, a retina. “Retina significa malha ou rede e, ao empregar este termo, Galeno estava referindo-se à fina camada de vasos sanguíneos”, que revestem a lâmina posterior do olho. Para Galeno, a retina era apenas uma extensão fina e alongada da úvea. Retina é a parte do olho que enxerga, muito vascularizada, nada a ver (sem trocadilho) com rede, como queria Galeno. É uma taça feita de tecido nervoso transparente, literalmente um posto avançado do cérebro. É o que diz a ciência de hoje.
Fonte: O Olho, uma história natural da visão. Simon Ings (Larousse)
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