(…) “Para cada experiência do passado evocada há uma trajetória particular de propagação elétrica pelo cérebro, que em seu estado latente, não ativado, representa a memória dessa experiência.
Para memórias de procedimento – pedalar uma bicicleta, jogar capoeira -, os circuitos envolvem sobretudo o cerebelo, o córtex motor e os gânglios da base. Para memórias declarativas – “qual é a capital da Angola?” – assim como para memórias episódicas – “como foi sua viagem para pesquisar capoeira em Angola?” – é necessário um hipocampo intacto. Cada trajetória tem certa probabilidade de propagação, que se transforma a cada nova ativação de memória através de mecanismos como a potencialização e a depressão de longa duração. A repetição mental de uma mesma memória é como um rio que parece sempre igual, mas não exatamente, pois passa pelo mesmo leito, mas nunca com a mesma água e nunca de forma igual – sobretudo nas margens (…)”
do livro “O oráculo da noite.” (Sidarta Ribeiro)
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