
Para incrementar os treinos de corrida e evitar o desânimo, alguns treinadores — e a mídia, que adora novidades — estão implementando percursos em que os corredores correm de costas. Mas isso não é exatamente uma novidade. Correr de costas faz parte da natureza humana, do primitivo ao pós-moderno. Assim como no CrossFit, onde muitos exercícios são inspirados em movimentos de guerra, a prática já foi até conteúdo em Escolas de Educação Física.
Não precisamos ir longe: quem já praticou esportes coletivos sabe que os deslocamentos ocorrem em todas as direções — para frente, para trás, para os lados, com saltos e agachamentos. Pergunte a um jogador ou ex-jogador de vôlei, basquete, futebol ou qualquer outro esporte coletivo se eles deixaram de treinar deslocamentos de costas. É algo rotineiro. A diferença é que, agora, está sendo vendido como ‘inovação’.
Mesmo assim, correr de costas tem seus benefícios. “Estudos mostram que oito semanas de treino específico nesse estilo podem trazer ganhos iguais ou superiores em velocidade, agilidade e potência, comparados à corrida tradicional. Vale a pena experimentar“.
Quando entendermos que correr vai além de seguir uma planilha rígida, poderemos incorporar práticas mais lúdicas e terapêuticas. Correr de costas não é só coisa de militar; é também coisa de criança. Apreciar a cidade enquanto corremos é poético e libertador. Correr de costas nos permite ver a paisagem sob outra perspectiva.
Para finalizar, um relato pessoal: com a idade, passei a ter lesões frequentes nos músculos posteriores da coxa. Na maioria das vezes, são leves e permitem que eu corra — com dor, é claro. Nessas situações, uso o recurso do músculo antagônico, fazendo mais força com os antagonistas: corro de costas em percursos curtos e não sinto dor.”
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