
O que é um autêntico louco?
Eis uma definição difícil e subjetiva. Podemos abordá-la por diversas perspectivas, inclusive pela “ideia de honra humana”. Sempre que defendo a ideia da coragem para “a vida”, surge-me o arrependimento e recordo deste conceito de loucura. Frayse-Pereira destrói minha “coragem” quando aponta que um louco “é também um homem a quem a sociedade não quis ouvir e a quem quis impedir a expressão de insuportáveis verdades”. De fato, a palavra coragem, descontextualizada, cheira a autoajuda, um procedimento que depende apenas da boa vontade, algo muito simplista. E isso não corresponde à realidade.
“Exclusão” é outra palavra que se associa ao louco: uma pessoa discriminada pela sociedade. Manicômios lotados de pessoas que a sociedade não quis defender, que os médicos não souberam ou não foram capazes de diagnosticar corretamente, e cujas famílias se omitiram.
Resta a mim e a quem mais se interessar a coragem de ajudar pessoas que precisam desse acolhimento, dessa escuta, dessa “verdade”. Não há outra alternativa senão desconstruir essa tal coragem.
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