
Hipóteses científicas não faltam nas revistas acadêmicas e nem nas redes sociais.
Em sala de aula, convivo com muitas delas: da musculação para evitar demências, da exclusão do glúten para tratar o autismo e do uso da cúrcuma para prevenir o câncer. Se foram divulgadas em revistas “científicas”, alguma evidência deve existir. No entanto, infelizmente, essas evidências muitas vezes não são suficientes para uma conclusão definitiva, algo que a ciência vem buscando há décadas ou até centenas de anos. Alguns achados contribuem muito pouco, apenas o suficiente para que novas pesquisas incrementem metodologias em busca do sucesso definitivo. Assim funciona a ciência: um processo contínuo de tentativa, erro e aprimoramento.
Para quem está em tratamento, essas divulgações ilusórias podem agravar o estado emocional dos pacientes, levando, em muitos casos, ao abandono do tratamento. Em uma comparação distante, é comum ouvir relatos de pessoas que iniciam tratamentos para perda de peso e, meses depois, abandonam todas as expectativas de sucesso prometido devido a “novas” fórmulas de tratamento. Essas fórmulas, que muitas vezes não funcionam, acabam por desmotivar e empurrar os pacientes para o abandono.
Além disso, o efeito placebo e nocebo desempenham um papel significativo nesse contexto. Enquanto o placebo pode explicar melhoras temporárias em alguns pacientes, o nocebo pode agravar sintomas quando a confiança nos tratamentos convencionais é abalada por promessas não comprovadas.
Persistência e paciência são essenciais para quem precisa de tempo para se cuidar. Nossas avós sabiam muito bem disso, e seus exemplos continuam válidos. A ciência, por mais que avance, ainda depende de tempo e esforço contínuos para alcançar resultados consistentes.
Deixe um comentário