
Não sou curioso sobre a vida dos outros, nem mesmo sobre a minha. Tanto é que mantenho distância das redes sociais. Entretanto, quando me comunico pessoalmente com alguém, sinto uma grande vontade de conhecer a vida do meu interlocutor. Já me disseram que tenho o hábito de perguntar o nome de quem está próximo de mim, talvez como uma forma de me aproximar de novas histórias. É verdade também que as histórias que escuto são fruto da liberdade que dou às pessoas para “fazerem terapia”. Gosto tanto disso que, de certa forma, acabo exercendo a psicanálise, mesmo sem saber muito sobre ela.
Wilhelm Jensen, autor de Gradiva: uma fantasia pompeiana, foi uma inspiração para Freud, que publicou Delírios e sonhos na Gradiva de Jensen. Dunker afirma que essa obra foi “a porta de entrada para a psicanálise da vida amorosa”. Cito Jensen porque ele dizia que histórias, como escritor, não têm serventia a não ser como boas histórias. E isso basta. Matisse, por sua vez, afirmava: “Pinto quadros, não pinto mulheres”. Não só Freud sabia disso; hoje, todos sabemos que uma boa história fala da vida de todos nós.
Histórias são como uma boa anamnese (pena que os médicos não a praticam mais): quanto mais falamos, mais fácil se torna o diagnóstico. Bronfenbrenner, um autor russo que viveu nos EUA, ensinou-nos sobre o desenvolvimento humano. Em seus estudos, ele destacou a importância de saber como as crianças brincam e em que ambientes foram criadas. Só assim é possível entender como se deu o desenvolvimento de um indivíduo. São inúmeras as situações que justificam a importância de escutar histórias, pois elas nos humanizam.
Escrevo esta introdução para contar minha história do Carnaval deste ano, mas o espaço não permite. Terapias exigem tempo. Por ora, direi apenas que a escola de samba em que desfilei no Carnaval de Curitiba foi rebaixada. Ou seja, preciso de análise.
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