
Por conta da acomodação de horários, mudei de academia de ginástica e agora estou próximo de casa. A mudança, no entanto, não foi apenas de endereço; foi enorme. Entre as vantagens, além da distância, está o número de aparelhos, que é infinitamente maior. Já as desvantagens incluem o fato de que não consigo nem cumprimentar meus “novos” amigos, pois todos estão de fones de ouvido. Acabo falando sozinho. O preço da modernidade.
Descubro agora que as novas academias estão repletas de ‘personal’, essenciais para algumas correções e execuções. Mas confesso que essa dependência exagerada do personal problematizou a relação humana. Observo que os alunos — e essa é uma opinião particular — estão perdendo a pouca autonomia que ainda nos resta neste novo mundo robotizado. Ser orientado em uma academia de ginástica sem a preocupação de “escutar o próprio corpo” talvez seja o que mais deteriora a “parceria”. Resta ao personal trocar as anilhas e limpar os aparelhos. Não imagino um currículo universitário que inclua essas obrigações secundárias, como limpar equipamentos e contar o número de repetições. Também não compreendo uma prática de atividades físicas que dependa tanto de um coach.
Como escreveu Coutinho em sua última coluna (25/2/25, FSP): “Sim, por um lado, eles nos libertam dos esforços mais penosos. Mas não haverá uma regressão da nossa ‘humanidade mediana’ em matéria de memória, raciocínio, cálculo ou compreensão?” Uma parceria de dependência, interesses e acomodação, quem sabe.
Haverá, sim, possibilidades de uma parceria verdadeira dentro de uma academia de ginástica, desde que todos usem os avanços científicos para o bem comum: um lado sugere cargas e formas de execução de acordo com os interesses do aluno, enquanto o outro tem autonomia para executar ou não os exercícios, sem a presença obrigatória do personal. Autonomia e liberdade continuam sendo a busca para uma saúde plena.
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