Pretendo dividir o tema em duas postagens, a primeira, sobre o crescimento do diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA/autismo), a segunda, novas descobertas sobre as possíveis causas.
Leo Kanner, um psiquiatra, em 1943, descreve o caso de onze crianças que compartilhavam uma “incapacidade de se relacionarem de forma normal com pessoas e situações desde o início da vida”. O termo autismo, usado por Kanner, refere-se a “ensimesmamento” – da constelação de sintomas associados à esquizofrenia. Escreveu ele “existe desde o princípio, uma extrema solidão autista que, sempre que possível, despreza, ignora, bloqueia qualquer coisa que venha de fora”. Vem daí a hipótese da “mãe-geladeira”, termo usado por Kanner, para “culpar” as mães frias, uma “atenção mecânica dos pais, somente às necessidades materiais”. O resto é história. O que não é história, e sim, preocupação, é o crescimento vertiginoso dos diagnósticos do autismo nas últimas décadas. Segura essa!
“Antigamente, o autismo era raríssimo, afetando cerca de uma em cada 10 mil pessoas”. Aqui a justificativa é que os médicos não sabiam diagnosticar crianças com autismo. No momento em que as primeiras pesquisas foram realizadas, no final da década de 1960, cerca de uma em cada 2.500 crianças eram afetadas. O crescimento neste momento foi drástico. No ano 2000, Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos começaram a manter registros – “de início indicando que o Transtorno do Espectro Autista afetava uma em cada 150 crianças de 8 anos. Esta cifra aumentou rapidamente nos dez anos seguintes, atingindo uma em 125 em 2004, uma em 110 em 2006 e uma em 88 em 2008”. As estimativas conservadoras sugerem que uma em cada 30 crianças teve o diagnóstico de autismo em 2020 (Collen, 2016).
Estimativas (nada conservadoras) sugerem que toda família dos Estados Unidos terá uma criança com autismo em 2050. E a proporção no Brasil também pode acontecer.
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