Tive e tenho muitos sonhos, um eu posso entregar nesse espaço, sonhei muito em um dia disputar uma Olimpíada como atleta. Acho que o sonho fracassado não impediu de seguir minha vida sonhando. Também sonhei em participar de uma Paralimpíada como treinador, cheguei perto desse sonho. Como treinador paralímpico sim, como treinador em uma Paralimpíada, não. Transformei o sonho fracassado em uma profissão. Nada disso me impede de continuar sonhando.
Vendo as imagens dos atletas e comissão de todos os países chegando em Paris, fico imaginando a inquietude da alma, que ninguém nessa situação pode explicar. A participação em uma Olimpíada não se restringe apenas ao ciclo olímpico de preparação para a competição, é muito mais; solidão, contusão, lágrimas, estresse, rendimento, reabilitação, fracasso, glórias e por aí. É nessa chegada em Paris que todos estão revirando à vida dos últimos quatro anos de ponta cabeça, lembrando de cada fracasso nos treinos como as superações, recordando do que abandonaram para estar ali, realizando um sonho. Uma aula de vida que se resume na participação de cada atleta, uma aula de determinação. Enquanto a vida acontece dia a dia para quase todos, para os “mortais” atletas a rotina dispensa comentários. A conjugalidade entre esporte e vida é administrada não apenas pela razão, e sim, pela emoção, pela paixão.
Uma aposta muito cara que todos fizeram para chegar em Paris, sem qualquer certeza de sucesso. Os que estão chegando na Vila Olímpica, não esperam nada além do compromisso realizado com os sonhos de criança, como o meu. O resultado da competição é impossível não pensar no imponderável, no desprazer da verdade cruel, só alguns sobem ao pódio. Tenho dificuldades em entender a lógica da meritocracia no esporte de rendimento, mas admiro e me transformo em compreender o envolvimento desses atletas com o amor comprometido com a sua arte, com a aposta de que todo esse compromisso não é apenas pela medalha, mas por não ter traído os sonhos.
Boa sorte para eles e para elas
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