Um dia desses, li uma coluna de jornal da Marina Izidoro (a da foto) que está se preparando para a maratona de Londres e o tempo para se inscrever nesta prova na faixa etária de 18 a 39 anos (não disse na matéria a idade que tem, apenas a idade da categoria), é de 3h40min. Como o tempo de corte diminui 5 min. em relação ao ano passado, as atenções, segundo Izidoro que se diz influenciada pelo “meio” da corrida (treinadores, colegas, influenciadores etc.), sente-se induzida pelos fatores além treino; roupas, tênis, suplementos e o que mais vier. “Então, se eu não comprar o tênis de placa de última geração, o suplemento do momento, vou ficar para trás? Um esporte tão democrático se tornou elitista? Ou dá para ser feliz correndo sem tantas regras”? Um conhecido me confessou “Agora precisamos correr na Patagônia, nas ruas da nossa cidade não da mais prazer”. Então, tá!
Certamente não é só a Marina que fica dividida entre os “apetrechos” e a corrida pela corrida. Quase a maioria dos corredores de meia maratona e maratona já mergulharam na “ciência” esportiva. Não tenho nada contra à nova “ciência”, ao contrário, muitos dos “apetrechos” têm suas evidências científicas já provadas, entretanto, percebo que o prazer na corrida acaba ficando em segundo plano. Quando me perguntam sobre a complexidade deste tema, costumo responder por analogia. Digo “preste atenção no crossfit”. A essência desta prática é a origem dos esportes gregos, onde tudo começou. A exceção foi o rei Filipe II, da Macedônia, assunto para outro dia. O Crossfit reproduz os movimentos naturais do corpo humano, entre eles, a corrida. Por isso o costume da corrida na rua próximo das academias. Movimentos essenciais que ajudam a aumentar a força muscular e cardiovascular, usando o peso do próprio corpo. Um modismo que não tem nada de novo, apenas adaptações que os gregos faziam e os milicos ainda fazem (muita calistenia). O modismo produz expectativas e o resultado sempre nos escapa do prazer, o ciclo se auto alimenta, buscamos um novo apetrecho; novas planilhas, barras de proteínas, relógios sofisticados, imersões no insta. Preferimos pagar academias para se exercitar, mesmo sabendo que nos parques e praças podemos fazer os mesmos exercícios.
Enfim, entendo a preocupação da maratonista/colunista Marina Izidora, ela não está só nesta busca do verdadeiro prazer pelo esporte. Enquanto o apetrecho for prioridade (me refiro também se obrigar a correr uma maratona fora do país), a corrida perde um pouco do seu encanto.
Sugestão de leitura: Nascido para correr
Crossfit
Deixe um comentário