Os colares que identificam as pessoas com autismo (TEA), divulgado e entregues gratuitamente em nosso país, é um acontecimento nobre, marcado pela busca da inclusão. De uma certa analogia, quando vejo pais participando de competições esportivas acompanhando (empurrando cadeiras, pedalando em bicicletas adaptadas e tantas outras formas) seus filhos, percebo muito mais uma iniciativa isolada e emotiva, do que inclusiva.
Usar um colar para identificar uma criança que precisa de atenção especial é muito mais um estigma do que fonte de colaboração. Empurrar uma cadeira em competições esportivas é muito mais um desejo narcísico do que a felicidade do cadeirante. Diferente do cadeirante que se desloca sozinho, por conta e risco.
Carlos Skliar aborda a inclusão e a diferença pautada nos conceitos de normalidade, identidade e alteridade. A questão da diferença é a “questão do outro” e na “obsessão pelo outro”. Estas reflexões nos levam a pensar que a busca pelas características pessoais pode ser suficiente para a sociabilidade, mas, ao contrário, busca-se a “condição normal.” Negamos assim, a identidade verdadeira, negamos a possibilidade de aproximação verdadeira. O mesmo quando idealizamos o amor, outra analogia.
Ainda Skliar: “Normalizar significa escolher arbitrariamente uma identidade e fazer dela “a identidade”, a única identidade possível, a única identidade “verdadeira.”
Resumindo, em vez de “identificar” uma pessoa autista, não seria mais justo buscar se aproximar dessas pessoas quando perceber que elas estão precisando de ajuda? Isso, por incrível que pareça, é mais humano e democrático.
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