Raramente lembro dos meus sonhos, infelizmente. Quando lembro, são em preto e branco, em geral não reconheço detalhes. Por algum motivo, nos últimos meses, tenho lembrado mais dos sonhos. Noite passada aconteceu algo diferente, para não falar assustador. Não sei que horas, escutei alguém me chamando, com uma voz melódica e feminina, Carlosss. Acordei assustado, pois era a primeira vez em sessenta anos. Eram os deuses me chamando?
Corri para o meu oráculo, Oliver Sacks, no livro Mente Assombrada, encontrei uma explicação. As alucinações, na sua minoria apresentam algum tipo de conteúdo religioso ou sobrenatural. No entanto, a maioria das alucinações pertencia a uma categoria mais trivial. Segundo Sacks, a mais comum alucinação auditiva seja ouvir o próprio nome, pronunciado por uma voz familiar ou anônima.
Isso me ajudou muito, não sou o único e nem serei o último. Mas confesso que a experiência foi perturbadora, no mínimo. Freud, me ajudou mais um pouco, comentou sobre isso em A psicopatologia da vida cotidiana:
” No tempo em que morei sozinho em uma cidade estrangeira, ainda jovem, com frequência ouvia meu nome subitamente proferido por uma voz inconfundível e amada; anotava então o momento exato da alucinação e, preocupado, indagava em casa o que acontecera naquele momento. Nada acontecera.”
Se acontecer de novo, gostaria de escutar Carlosss Mosqueraaaa, só para mudar um pouco. Talvez não me assuste tanto.
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