Para comentar sobre a hormese, preciso fazer uma introdução, mesmo que alguns desconsiderem estas informações históricas. Me valho quase sempre dessas informações para justificar minhas ações, sejam elas na escrita ou como leitor. Agora já posso justificar também minhas ações quando bebo ou exagero em outras cositas. Vamos lá!
Jeanne Louise Calment ficou conhecida por ter sido a mulher mais velha do mundo, morreu em Arles (cidade de Van Gogh), em 1997, com 122 anos. Quem desejar saber mais, procure em, “Beyond 120 years with Jeanne Calment (Além dos cem anos com Jeanne Calment).
O que chamava e chama atenção nesta centenária, são os hábitos de vida, apesar das recomendações, bebia e fumava todos os dias, mesmo que em porções pequenas. Fumava desde os 16 anos e deixou de fazer aos 116. Parece fake, mas não.
Esta foi apenas uma das personagens com este estilo de vida, poderia citar outras centenas de casos com a mesma característica, tinham uma vida “desregrada” para a época. Não esqueçam, os exageros eram como doses homeopáticas e nada a ver com a homeopatia.
Outro personagem. Mitrídates V. Era um Rei, governava uma região que hoje é o nordeste da Turquia. Era amigo de Roma e fornecia navios e soldados aos romanos durante a terceira guerra Púnica, na qual Roma lutou contra os Cartagineses. Teve um filho, Mitríades VI, como este já conhecia a mãe que tinha – envenenou o maridão – morria de medo que seu fim fosse o mesmo, já que o filho preferido era outro. Qual foi a estratégia de Mitríades VI para se prevenir do envenenamento? Começou a ingerir quantidades não letais de venenos conhecidos, além disso – até parece coisa de pesquisador – fez muitos experimentos, até conseguir ficar imune a todos. Não adiantou muito, olhem que ironia, suicidou-se. Apesar disso, foi lembrado como o “rei do veneno”.
Esta prática é lembrada até os dias de hoje como “mitridatismo”, isto é, proteger-se tomando pequenas quantidades de venenos (no Luvre de Paris, pode-se ver o busto de Mitrídates VI).
Voltamos à Hormese: é um fenômeno – muito bem estudado, diga-se de passagem, ainda sofrendo preconceitos da comunidade científica – de relação dose -resposta “caracterizada por estímulos de baixa intensidade (dose) e inibição de alta dose.” Para ser mais direto; já sabemos que beber quantidades moderadas de álcool, reduz o risco de doença cardíacas (não apenas vinho, mas qualquer bebida alcoólica), enquanto níveis mais altos estão associados a riscos maiores não só de doenças cardíacas, como também hepáticas, câncer e outros.”
O exemplo vale para outras situações, a literatura científica também mostra ótimos resultados para os fumantes de charutos, que usam esporadicamente. Quanto aos exercícios aeróbios – corridas, pedaladas, natação etc. – também servem. É aeróbio, porque envolve muito oxigênio, podendo chegar até dez vezes mais que a taxa de repouso. Em resposta a isso, as células se fortalecem aumentando a expressão dos genes envolvidos na defesa do oxigênio e no reparo celular.
Essa é a essência da hormese.
Daí o exemplo da Jeanne e Mitrídates, que souberam “dosar” seus prazeres. Enfim, como tudo na vida, o que certifica o potência de um remédio é a dose. Isso não significa que estas informações possam estimular às pessoas a fumar e beber, ao contrário, que as pessoas que já fazem uso – e não passam da dose certa – continuem sem nenhuma culpa.
Temos mais um motivo para brindar, HORMESE!!!!
Informações históricas do livro “Vire a chave” (James Clement)
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