Ó minha amada/ que olhos os teus;
São cais noturnos/cheios de adeus/são bocas mansas/trilhando luzes/que brilham longe/longe nos breus;
Ó minha amada/que olhos os teus;
Quanto mistério/nos olhos teus/quantos saveiros/quantos navios/quantos naufrágios/nos olhos teus;
Ó minha amada/que olhos os teus;
Se Deus houvera/fizera-os Deus/pois não o fizera/quem não soubera/que há muitas eras/nos olhos teus;
Ah, minha amada/de olhos ateus;
Cria a esperança/nos olhos teus/de verem um dia/o olhar mendigo/da poesia/nos olhos teus;
Vinícius de Moraes
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