Já que corro três vezes por semana, com interesses psicológicos (Freud me acompanha), filosóficos (os peripatéticos me apoiam), por que não aproveitar todo esse tempo em corrida e não fazer algo mais? Sobre isso que divulgo agora o resultado de uma pesquisa empírica que realizei nesses últimos dois anos de corrida. As evidências eram um dos objetivos do trabalho. Reafirmo que a investigação não teve apoio do CNPq e nem da Fundação Araucária, por motivos óbvios.
Vamos lá: Problema: por que os curitibanos não gostam do “bom dia”. Hipótese: Quando os curitibanos estão caminhando, a mensagem do “bom dia” é emitida? . Objetivo: verificar se o hábito da saudação durante caminhadas de lazer é pronunciado. Método: Durante as minhas corridas – sempre pela manhã – os caminhantes ou corredores que cruzam por mim, andando ou correndo, respondem o “Bom Dia.” A investigação foi quantitativa e exploratória, a análise das respostas foi por observação e usado um cálculo estatístico básico. Projeto Piloto: antes de chegar nesse método, realizei um piloto; a proposta era acenar com a mão ou cabeça, apenas, para desejar um belo dia ou, que as pessoas soubessem que estava cumprimentando. Não deu certo, pouquíssimas pessoas responderam ao meu interesse. Então, resolvi vocalizar o Bom Dia e esperar a resposta, esse seria o método.
Comecei o projeto em início de 2020, usando o seguinte cálculo: três vezes na semana de corrida, cada saída cheguei a cumprimentar em média 60 pessoas, ou seja, ao final da pesquisa, foram coletados pelo menos cinco mil pessoas (imagino que a maioria sejam curitibanos-as)
Resultados: 68% dos homens responderam o Bom Dia com outro Bom Dia; entre as mulheres, 57% responderam ao chamado. Quando cruzava com casais, 89% eram os homens que respondiam a saudação. Os mais velhos eram os mais propensos a responder o Bom Dia entusiasmados, as mulheres nesta questão se saiam melhor.
Sobre o qualitativo: dos que responderam, 62% eram respostas dignificantes e felizes, algo como um sincero Bom Bia, que ia desde o BOM DIAAAAAA, BOMMM dia, BOAS…, BELO DIA PRA VC TAMBÉM, OI, BOM SIM e outras manifestações. Os mais indispostos, que apesar da provocação, acenaram assim mesmo: BO M DI A, Bom, Bonn D ia, eram rugidos de pessoas indispostas ou mal educadas que não gostaram da provocação. Não entrou no N da pesquisa: crianças, pessoas com fone de ouvido ou teclando no celular. Dos que não responderam, uma característica era comum, quando se aproximavam, abaixavam a cabeça ou olhavam para outro lado. Ecolalia – sem emoção – para outros, foi numerosa também. Aos finais de semana, as respostas eram mais agradáveis de escutar.
Conclusões: O que mais me impressionou foi a recepção inesperada do meu “alerta”, eram pessoas que não esperavam o Bom Dia e ficavam felizes em responder à mensagem. Levantavam a cabeça e melhoravam a postura para dizer Bom Dia. Outra conclusão é que os curitibanos só respondem se forem provocados, caso contrário é concentração total nas caminhadas (Reich explica isso). Para muitos indivíduos “pesquisados”, creio piamente que depois de receber a mensagem, a maioria se sentiu melhor.
Uma pena que não posso publicar a investigação e nem buscar investimentos para novas pesquisas, sequer acrescentar no meu currículo lattes. Sobra-me continuar correndo e cumprimentando às pessoas.
Deixe um comentário