A profissão me empurrou para reler “O cérebro autista, pensando através do espectro“, de 2015, da própria Grandin. A autora é muito conhecida na área da veterinária, onde apresentou sua tese doutoral. Li o livro logo que foi lançado, não me impressionou tanto quanto a biografia da “autista doutora.” A maioria dos veterinários não sabem que Temple é autista, diferente dos especialistas da área.
Grandin nasceu em 1947, quatro anos apenas da primeira definição e classificação sobre autismo. Naquela época, as mães eram as principais “culpadas”, eram conhecidas como “mãe geladeira”. Os filhos se desenvolviam com características atípicas, silenciosos e introspectivos, comunicavam-se raramente e não gostavam de brincar. Pelo menos foi assim que Leo Kanner, médico da Universidade Johns Hopkins e pioneiro da psiquiatria infantil, descreveu em seu artigo “Autistic Disturbances of Affective Contact” (Distúrbios Autísticos do contato Afetivo).
Ainda bem que de lá para cá muita coisa mudou, mesmo que muitas mães tenham sequelas deste estigma, carregando culpas por uma síndrome que até hoje ainda não sabemos a causa.
Uma coincidência enorme para a época e menos discutida que o autismo mas tão importante, foram os trabalhos e achados pelo pediatra austríaco Hans Asperger – daí vemos como a internet é necessário – que partilhava diversos comportamentos perceptíveis: falta de empatia, pouca capacidade de fazer amigos, conversas ” unilaterais”, absorção intensa em um interesse em especial e movimentos desajeitados. Asperger apelidou seus pacientes de ” professorezinhos”, isto porque as crianças avaliadas podiam falar sem parar sobre seus assuntos favoritos. Mas Síndrome de Asperger foi o termo preferido, era mais neutro.
O que observamos hoje em dia é uma quantidade enorme de diagnósticos de crianças (em geral), com autismo, chega até ser assustador. Outra porcentagem de pessoas com características bem assumidas de Asperger (há uma nova classificação no DSM-5) que estão “esquecidas.” Pessoas muito inteligentes, que conseguem se isolar e não fazem questão de interagir e que pensam o mundo diferente. Estas últimas em geral são independentes, não é o caso dos autistas – uma minoria consegue a independência.
Mais uma particularidade do mundo das redes sociais
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