Lendo o colunista do NYT, David Brooks – The wisdom your body knows – You are not just thinking with your brain – na tradução livre, é o título dessa postagem, acrescentaria – “Você não está apenas pensando com seu cérebro”, me lembrei imediatamente de Descartes, “Penso, logo existo.” Será?
Evoluímos muito nas ciências, e os estudos do cérebro não ficaram para trás. As imagens que hoje em dia conseguimos detectar das funções cerebrais nos mostram ou desmistifica muito o que acreditávamos antigamente. Hoje sabemos, como relata os estudos do Dr. Stephen W. Porges da Universidade Indiana, que os nossos pensamentos estão relacionados diretamente com o intestino. Isso mesmo, intestino. O intestino é pavimentado por milhões de neurônios e bactérias e junto dessa estrutura temos o nervo vago, que emerge do trono cerebral e se espalha para o coração, pulmões, rins e intestino. Esta mediação do nervo vago com o intestino é inconsciente, mas principalmente, atende um interesse, como nos relacionamos com o OUTRO. Estas descobertas são impressionantes do ponto de vista existencial – fico imaginando se o filósofo Kierkegaard estivesse vivo hoje em dia.
Sabemos que o pensamento humano não trata somente de “cálculo individual, mas de engajamento social e cooperação.” O que não sabíamos, é o quanto outras áreas do corpo participam desse engajamento. Imaginávamos que apenas o cérebro era o responsável.
Argumenta Porges que, ao entrar em uma nova situação do quotidiano, o corpo reage, aumenta a frequência cardíaca, pressão arterial altera e outros sinais. Estes sinais sobem para o cérebro, que registra o “estado autônomo” em que você se encontra.
Com estes achados, muda-se alguns paradigmas, inclusive do afeto. Se antes as emoções eram autorreguladas, ou seja, era regulada por meio de um diálogo interno consciente. Os achados atuais, indicam que a verdadeira ajuda emocional é pela co-regulação. Por exemplo, quando uma mãe e um filho se abraçam fisicamente, seus estados autônomos corporais se harmonizam, conectando-se em um nível metabólico. Juntos, eles passam da angustia separada para a calma mútua, diz a matéria. Para as paixões é igual.
Foi criado assim o Welch Emotional Connection Screen, que mede a conexão emocional entre mães e bebês prematuros. Ao encorajar esse tipo de conexão visceral profunda por 18 meses, esta terapia pode mitigar os efeitos do autismo.
Por último e concluindo; não somos cérebros separados, observando uns aos outos com frieza e cálculo, mas sim, vísceras físicas, interagindo profundamente uns com os outros. A comunicação acontece e um nível mais profundo.
Assim é o amor!
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