Aprendi e “ensinei” muita gente vidente a usar vendas em atividades do cotidiano acreditando que isso seria uma espécie de aproximação do que seria a vida de uma pessoa cega. Confesso que estas atividades práticas eram as que mais faziam sucesso no me repertório de aulas. Até que um dia li um artigo chamado Como é ser um morcego de Thomas Nagel( 1974)(hoje é fácil encontrar este artigo no google), fatal para minhas pretensões de “simulador de cegos.” Talvez um dos artigos mais importantes que já li na perspectiva do que seria objetivo e subjetivo. Real do irreal, processamento de informações e por aí vai.
Será que temos idéia ou imaginamos do que seria voar ao anoitecer comendo insetos com a boca, e principalmente, de alguém que tem visão pobre e percebe o mundo que o cerca através de um sistema de reflexos de sinais sonoros de alta frequência; que alguém passa o dia dependurado de cabeça para baixo com os pés fixos no teto? Eu queria mesmo saber, como disse Nagel, como é, para um morcego, ser um morcego. Não da nem para imaginar o que é ser um morcego.
Por outro lado, poderíamos nos aproximar dos morcegos ou, a “melhor evidência poderia vir das experiências dos próprios morcegos, se nós soubéssemos como elas são para eles.”
Em todo caso, minhas experiências de olhos fechados foram ou mesmo dando aula com os alunos de olhos vendados, necessárias para romper com esta crença de um subjetivo narcisista. “Eu acho que eles (os cegos) sentiriam isso.” Grande bobagem!
“O caráter subjetivo da experiência de uma pessoa surda ou cega de nascimento não está acessível a mim, por exemplo, do mesmo modo que nem a minha para ele. Isso não nos dispensa de acreditar que as experiências dos outros têm um caráter subjetivo.”
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