Aprendi a gostar de ler lendo jornais, gibis e histórias infantis passaram longe da minha resistência à leitura. Não sei o motivo certo, mas a Folha de São Paulo foi o início. Nela conheci Otto Lara Resende, Clóvis Rossi, Calos H. Cony e tantos outros mestres da crônica – o que mas leio. Desde a primeira crônica de Contardo Calligaris, creio que tenha sido em 1999, numa quinta-feira, desde então, comecei a me aproximar da psicanálise em especial.
Contardo, era também chamado pelo seu pai de “Contrário”, porquê sempre era questionador, segundo o próprio Contardo. Aprendi que os bons professores fazem boas perguntas, ao contrário do que o senso comum acredita, que o professor precisa responder. Por isso aprendi muito com o cronista de cultura, arte, psicologia e histórias de vida. Foi um grande provocador, na verdade. Por eu gostar de prosas e conhecer histórias do cotidiano, ler Calligaris era uma continuação dos meus “causos.”
Um amante da vida, talvez seja isso um dos motivos que Calligaris tenha atraído tantos leitores. Escrevia como poucos para confabular sobre amor, sexo, sonhos e desejos. Nos inspirava para alcançar um desejo já esquecido, iluminava os caminhos do desconhecido. Perdemos mais uma fonte de inspiração, que seu legado possa sustentar o pouco que resta.
Para terminar, um trecho de uma crônica escrita por ele em 2016 (guardada em minhas anotações), parece que foi escrita para os dias de hoje:
Parábola dos cegos de Pieter Bruegel, o velho do séc. 16: “A inspiração de Bruegel, ao retratar o trenzinho de cegos de mãos dadas, tateando o caminho com sua bengala e levados por alguém tão cego quanto eles, era Mateus 15:14; “Deixem eles, são cegos condutores de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão no buraco.”
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