A dificuldade ou impossibilidade de ver faces ou feições é o que se chama de prosopagnosia. Estima-se que 2% da população mundial sofra desse transtorno. A neurociência sabe que ainda hoje é difícil o diagnóstico. Muitas pessoas com o transtorno, convivem com isso e não procuram um médico, acreditam que isso é “normal.” Oliver Sacks no seu magnífico livro “O homem que confundiu sua mulher com um chapéu” divulgou, sem saber, a existência do transtorno.
A característica principal da prosopagnosia é o não reconhecimento das feições ou seja, as pessoas olham e reconhecem outras partes do corpo, ao contrário da face. Igualmente quando veem uma foto, podem reconhecer detalhes, mas o conjunto sempre fica prejudicado.
A compensação é o processo natural para poder se relacionar com pessoas próximas, percebe-se a altura, a voz, cheiro, gestos etc… Essas estratégias são fundamentais para uma relativa convivência, apesar da maioria das pessoas que sofrem do transtorno, preferirem o isolamento. O próprio Sacks que sofria de prosopagnosia evitava de sair na rua sozinho. Acusavam-no de antipático.
Áreas cerebrais do lobo occipital ou fusiforme da face são as áreas danificadas que provocam o transtorno, pode ser causado por danos cerebrais ou mesmo hereditários.
Em tempos de uso de máscara, imagino que não só eu mas muitas pessoas sofram para reconhecer a fisionomia das pessoas, nosso olhar precisa de mais tempo para reconhecer quem está do outro lado. Isso não deixa de ser uma experiência perceptiva, olhar com mais atenção. Nosso “pós-verdade” está impedindo de olharmos demoradamente para as pessoas. Quem sabe assim possamos nos aproximar mais das pessoas.
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