“ESCOLA DE MÚRCIA” PERDE O MENTOR.
Se faz necessário lembrar das situações, da ajuda de até então desconhecidos e da própria razão da vida, e neste momento de pandemia um pequeno grupo deseja externar um singelo apreço para uma dessas pessoas.
Começamos por Múrcia que é uma cidade no sudeste da Espanha, capital da região do mesmo nome. A costa do mediterrâneo nessas paragens faz qualquer turista pedir para o tempo parar. A Catedral de Santa Maria é um dos principais pontos turísticos da cidade, nesse bairro o murcianos se encontram.
Nesta mesma cidade encontra-se a Universidade Católica San Antonio de Múrcia (UCAM), um antigo Monastério de “Los Jerônimos (sec. XVIII), que inclui, uma igreja barroca, tombada como Monumento Histórico-Artístico Nacional.
Toda essa introdução para dizer que ali ministrava aulas nos cursos de Medicina, Nutrição e Educação Física, catedrático da Universidade, professor dr. José Antonio Villegas Garcia.
Após alguns contatos no ano de 1999 com esse professor, fizeram na época, alguns jovens professores de Educação Física de Curitiba e Rio de Janeiro, sonhar em estudar na UCAM para concretizar o sonho de transformações. Aprender, pesquisar, publicar, defender uma tese(ou lograr o título de Doutor?), morar fora do país e descobrir um mundo novo. Embalados não só pelos sonhos, mas quem sabe, por necessidades acadêmicas, o “Grupo de Múrcia” partiu para a Europa, com a certeza da supervisão e acolhimento do “mentor.”
Por alguma obra do destino, na chegada em Múrcia, fomos alojados em um CAR, Centro de Alto Rendimento, em Los Alcáceres, na região do litoral recortado pelo Mar Menor, uma “imensa lagoa salgada com 180 km de extensão e separada pelo mar mediterrâneo por uma faixa de areia de 22 km.” Reforçamos os detalhes da paragem, apenas para confirmar o sonho. Culturalmente estávamos cercados pelos cartagineses, mouros, iberos e fenícios. Mais do que isso, cercados por amigos, professores, pesquisadores e por transpiração.
Não é bom continuar, ficamos por aqui, caso contrário os amigos e os familiares vão acreditar que foi apenas isso. Não, não foi, mais do que isso. O grupo que assina esta homenagem ao amigo e professor Villegas, como era conhecido, sabe que o processo do Doutoramento não se trata somente de defender uma tese, não significa apenas pesquisar e estudar. Acreditamos e valorizamos toda a vivência oportunizada, a caminhada de anos defendendo e lutando por uma causa. Foram anos de experiência ministrando aulas para crianças, jovens, adultos, Pessoas com Deficiência (PcD), administrando, treinando, planejando, incentivando e, principalmente, pensando em um mundo melhor. Estávamos ali, mesmo sem muita certeza, que o processo deveria ser coroado.
Foi esse homem, doutor em medicina, especialista e renomado na área de Nutrição Esportiva, professor universitário, catedrático, palestrante internacional, muitos livros e artigos publicados, foi o Dr. Villegas que acreditou nesta mudança, foi o verdadeiro amigo que, “arriscando” sua reputação, abrindo as portas da UCAM, para a realização do sonho de professores brasileiros.
Desde a defesa de nossas teses, brincávamos que Curitiba seria a sede da “Escola de Múrcia”, iríamos brindar o professor Villegas com muitas publicações e honrarias. Continuaríamos a estender os sonhos de “novos doutores”, agora sob a supervisão dos “acadêmicos” e “membros da Escola de Múrcia.”
Infelizmente não deu tempo para homenagear, faleceu nesta manhã (04/08/20), em um trágico acidente. Quem sabe Dra. Maria Teresa Martínez Rocamora (esposa, que muito nos auxilio também no CAR), um dia saiba o sortilégio que tivemos em conhecer seu companheiro, foi gratidão em trilhar um caminho com dúvidas, percalços e sonhos, mas sempre amparados por alguém de um valor inestimável. É explicável que estejamos partidos e chorando, é difícil aceitar o inexplicável, mas o inesperável é a única certeza.
Fica aqui nossos sinceros sentimentos de compaixão e alegria enorme em conhecê-los.
Dos amigos da Escola de Múrcia
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