
Estamos na semana do Braille – já se completam 200 anos de sua criação (1825) e 216 anos do nascimento de Louis Braille (1809-1852), criador do método, também conhecido como leitura tátil dos seis pontos. O primeiro livro em braille data de 1837, a partir do qual os cegos passaram a ter acesso a reflexões e interpretações do que está escrito.
Se o surgimento do computador foi uma revolução para os nossos tempos, o sistema braille para cegos e pessoas com baixa visão também o foi. Louis Braille nasceu em Coupvray, França. Em consequência de um acidente, ficou cego aos três anos. Conheceu o método de Charles Barbier aos 14 anos, em Paris, no Instituto Real para Jovens Cegos (fundado por Valentin Haüy), a única escola especializada em cegos da Europa na época. Barbier (1767-1841), um capitão do exército francês, criou a sonografia noturna (ou código militar), que permitia a leitura de mensagens no escuro sem o uso de lamparinas. Diga-se de passagem, uma invenção brilhante para a época. Foi essa ideia, rejeitada pelo exército francês, que o jovem Braille adaptou para os cegos. Enquanto Barbier usava um sistema de 12 pontos em relevo, Louis Braille o simplificou para 6 pontos. O resto é história. (Esses detalhes podem ser encontrados em meus livros, disponíveis no site anexo.)
Por motivos profissionais, aprendi sozinho a usar o braille – leio e escrevo usando a visão, o que é muito mais fácil do que para os cegos, que dependem apenas do tato. Aprendi também a usar o soroban (ábaco japonês) para cálculos. Esses métodos ainda são aplicados em escolas inclusivas para o ensino de leitura, escrita e matemática. Computadores e celulares são ferramentas úteis no aprendizado, mas não substituem a importância dos métodos criados há dois séculos.
Hoje, pessoas cegas, surdas, com deficiência física ou outras condições, graças aos avanços da Tecnologia Assistiva (TA) e a políticas públicas inclusivas, estão inseridas no mercado de trabalho e ativas na vida acadêmica universitária – um cenário muito diferente do passado.
Louis Braille não pode ser esquecido.
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