Adio o curso da psicanálise por falta de tempo, enquanto isso, leio o que posso. O último livro de Dunker nos faz pensar sobre o amor em perspectivas diversas, ele lembra que Freud estipulava dois horizontes éticos para a conquista da felicidade. Primeiro, que ela é uma tarefa absolutamente singular, individual, ou seja, cada um tem que encontrar os seus termos e seus caminhos. Difícil pensar nisso quando se está amando ou, como escreveu Dunker, “escolha ética básica, que consiste em decidir qual será sua política elementar em matéria de felicidade”. Difícil também, definir felicidade em contextos tão complexos em que vivemos, mesmo que sejamos tragados por conceitos bizarros quando o assunto é amor e felicidade.
Christian continua, fugir do desprazer, diminuir a dor, mitigar o sofrimento ou levar adiante as tentações, procurar o prazer e explorar ativamente suas variações. Lógico que, essas duas questões, com o tempo, afetam nossos relacionamentos, complementa o autor. Quem nunca passou por isso? E em situações de carência, quase sempre as decisões são precipitadas. Vamos lá, quanto de prazer é preciso renunciar agora, considerando um tanto de prazer que será restituído, com juros e correção monetária, mais adiante? O autor explica: Se a escolha é por uma vida de austeridade e adiamento estrito de satisfações, imprevisibilidades podem ocorrer, como doenças e desencontros capazes de arruinar e impedir qualquer realização futura. Por isso o dilema do quanto vale o amanhã e suas variantes do tipo: o esquema “tudo de uma vez ou aos pouquinhos” não admite estratégias ótimas, apenas casos aberrantes de inadequação ou ousadia.
Tarefa difícil optar (isso quando se pode) na felicidade e na realização de um amor, dilema intransponível em um mundo em que as pessoas se sentem cada vez mais infelizes e solitárias.
O que devemos preferir: um grande amor, vertical e complexo, em estrutura de epopeia olímpica grega, ou pequenos encontros fortuitos, do tipo minicontos e haicais, provendo grande diversidade erótica, relacional e experiencial? Monobloco ou poliamor? (nesse conceito, até o google me corrige)
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