Foi em abril de 1984 o maior e mais belo movimento político nacional organizado pela população, que ocorreu em São Paulo. Lá estava Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, ou simplesmente dr. Sócrates. Sim, ele também era médico. Queríamos democracia, queríamos eleições, era preciso liberdade para espantar de vez os militares do poder. A rua ferveu, não tinha volta.
Sócrates é lembrado depois de 40 anos porque não foi apenas um grande jogador de futebol, foi muito mais que isso, um ícone politizado, carismático e revolucionário para a época. Sabia da importância do poder de comunicação que os grandes jogadores tinham, mas nenhum (ainda hoje estamos órfãos de um substituo do Dr.) sabia aproveitar como ele. Usava a chuteira como a palavra, ambas mexiam com o público, suas entrevistas faziam refletir um novo jeito de torcer por um clube – o maior exemplo foi no Corinthians entre 1984 e 1986- era urgente reivindicar liberdade também na profissão. Foi o que fez.
No campo de futebol era líder, fora dele, também. Foi reconhecido mundialmente pela transformação que conseguiu com sua presença, talvez inspirado no filósofo que emprestou seu nome.
Desde então, quando torcedores se matam dentro e fora de campo, quando dirigentes esportivos continuam abusando de prerrogativas administrativas para esfacelar os clubes e ninguém se pronuncia contra estas aberrações, percebemos o quanto um homem como Sócrates, faz falta em nosso país. Somos carentes de grandes líderes, não por falta deles, mas sim, pela omissão de muitos.
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