Nos meus tempos de estudante/aventureiro, vivendo em Madrid/Es, sem um centavo no bolso, descobri que podia me distrair e passar o tempo visitando o Prado, já que em alguns dias da semana, os estudantes não pagavam ingresso. Passei muitas tardes admirando Goya, Velazquez, El Greco, Ticiano e tantos outros artistas mundialmente conhecidos. A descrição das obras era apropriada para a época, inevitavelmente, orientadas por um “protocolo” do próprio museu.
Pelo meu despreparo para analisar uma obra como, composição, estrutura, composição e otras cositas mas, me detinha pelo simples fato de flanar. Era o suficiente para àquele momento. Outro detalhe que me prendia mais tempo na obra, quando pessoas com deficiência eram retratadas. Lia com atenção o interesse do artista com aquela imagem. Até porque estava na Espanha para estudar e compreender sobre essas pessoas “minusválidas.”
Toda essa introdução para dizer que leio hoje no El País que o Prado está mudando todas as especificações das obras que relatam sobre as Pessoas com Deficiência (PcD). ‘El Niño de Vallecas’ de Velázquez ya no tiene enanismo, sino acondroplasia: el Prado se adapta a la reforma de la Constitución.
O Museu revisou quase 27 mil fichas de quadros na sua web e também, 1.800 ilustrações que estão ao lado dos quadros, tudo isso para substituir o temo “disminuído” (não precisa de tradução) e determinadas referências físicas das personagens das obras. Os motivos destas mudanças “tardias” referem-se ao papel social e cultural de ser um exemplo quando se alcança um consenso político que se converte em norma.
Sim, são os tempos, que mesmo com muita demora, refaz e retoma uma nova forma de fazer arte
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