Conhecemos a história do Natal muito mais pelos presentes recebidos e entregues, do que o nascimento de Jesus. Minha teoria para esta incapacidade de entender o Natal não se restringe ao capitalismo, mas sim, pela bebedeira. Não custa lembrar que os presentes estão associados aos encontros, e como as datas estão muito próximas, natal e ano novo, os encontros e bebedeiras se sucedem como as enchentes em Curitiba. Não dá tempo para refletir a data, muito menos celebrar Mitra.
Alguns historiadores afirmam que esta festa do renascimento já era celebrada sete mil anos atrás, celebravam o solstício de inverno, como um momento de renascimento e renovação. Se soubéssemos disso nos tempos de crianças, certamente daríamos mais atenção ao pôr/nascer do sol. Viva a luz!
No livro Religions of Rome, os historiadores Mary Beard e John North lembram que o período dedicado a celebrar o solstício era todo devotado a um deus – MITRA -, deus da sabedoria representando a luz, o bem sobre o mal. Enquanto MITRA era celebrada, estava tudo bem para os mortais, o gasto era apenas com bebida e comida, e muita dança (acho eu). Como sabemos que “quem não gosta de samba, bom sujeito não é”, aparece a figura do ciumento Imperador Romano Lúcio Domício Aureliano (214-275) que institucionaliza a “festa” que já era celebrada por militares de Roma. Institucionaliza a Festa, sem ao menos saber a data do nascimento de Jesus, mas para um sujeito que não gosta de dançar e trabalhar, qualquer data e qualquer mudança de calendário, era o suficiente. Era o marketing da época.
Assim, estamos mergulhados na semana do “pós-capital”, sentindo-se devedores de presentes e mensagens para os amigos, angustiados pelas visitas que não fizemos, inchados de álcool e maltratados pela neosaldina e engov. Como sempre, deixamos para depois para orar à Mitra, pois a meta (olha o capital aí), é se preparar para mais uma festa.
Espero que MITRA atenda meus pedidos, muita luz para vocês que me acompanharam este ano.
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