“Quando o li pela primeira vez, fiquei comovido. Era uma mistura de sabedoria e tristeza. Seu título era “Instantes”, e começava assim:
Se eu pudesse viver novamente a minha vida,/ na próxima trataria de cometer mais erros […]./Correria mais riscos,/ viajaria mais, contemplaria mais entardeceres…..”
Esbarrei dia destes no livro do Rubem Alves (o mesmo do título dessa postagem), e não deixei passar, como em outros tempos. Não era acadêmico, mesmo tendo sido professor universitário, mas era o escritor das almas boas. Impossível não se tranquilizar com as palavras sábias e saborosas de um homem apaixonado pela vida. Tempos em tempos, sou tragado por ele, para saborear um pouco de paz e harmonia nas palavras.
Desta vez, logo no início desta passagem do livro, associei à “Máquina de Nozick” (máquina da felicidade), um exercício de reflexão, que consiste em ligar-se a máquina para conectarmos eternamente com a felicidade, sem ter consciência de que esse estado não é real. Associar “viver minha vida novamente” talvez não signifique que a vida não valeu à pena, ao contrário de “entrar na máquina da felicidade.” Esta busca enlouquecedora da busca de “algo melhor”, beira uma inautenticidade do prazer em “viver”.
Se eu pudesse viver minha vida novamente, teria que ser igualmente a esta que vivo entre decepções e alegrias, tristezas e prazeres, que moldaram o meu jeito de ser, mesmo que muitos não gostem, mas isso não significa infelicidade e sim, vida.
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