Depois dos atentados nas escolas no Brasil, passei a semana relembrando dos meus anos como professor nas escolas públicas. A minha primeira experiência na escola como professor formado foi em Porto Velho/RO. Dois dias depois da minha formatura, peguei um ônibus e rumei para RO, cinco dias e noites para chegar no destino. Se foi o primeiro, também foi o mais marcante. Meu interesse juvenil e sonhador, foi começar a revolução educacional pela zona rural, algo como a revolução cubana.
Fui designado pelo estado para duas escolas da zona rural, separadas pela BR que leva à Cuiabá. Uma das escolas não havia janelas e nem portas, a outra era moderna, contemplava até mesa para o professor. O outro desafio, além de chegar nesse canto do mundo, foi saber que apenas a diretora, uma gaúcha, tinha diploma, os demais professores, apenas o ensino “primário” completo. Assim sendo, me tornei professor de história, matemática, geografia e, acreditem, Educação Física.
Não vou tomar seu tempo, caro (a) amigo (a), a história é real e instigante, fez parte da minha formação como professor, mas conto outro dia. O que aconteceu com a escola? A escola continua e continuará reproduzindo o que a sociedade organiza. O que acontece na escola não acontece por acaso, por isso é escola. Tem a função e o dever de dialogar com essas idiossincrasias, refletir sobre as diferenças e acolher a pluralidade. A nossa escola foi a responsável por determinar o futuro de muitas gerações, e assim mesmo, esquecemos desse detalhe. A grandeza da escola também está em dizer para seus participantes que apesar dos anos escolares e dedicação, nada disso é garantia de sucesso e vida fácil. A única certeza, foi e espero que continue assim é a liberdade para decidir.
Lembro o quanto aprendi com meus alunos de “Rondonha”, me ensinaram a ver a multiculturalidade do Brasil – perverso, rico e difícil de compreender – de que interpretar um texto vai além de entender o significado das palavras. O caso de um adolescente que apunhala uma professora deve ser um novo aprendizado não só para a escola, mas para essa sociedade que se transforma e invade espaços que antigamente eram sagrados.
Deixe um comentário