Em tempos difíceis, dolorosamente ardente em paixões políticas (políticas?), encontrar um encosto para compreender tudo isso, talvez seja a razão da leitura de Carlos Drummond de Andrade. Só pelo fato de ser Drummond já nos tranquiliza, pelo menos para mim.
O livro foi escrito no final da Segunda Guerra Mundial e da ditadura do Estado Novo no Brasil, isso já indica a verve política do autor. “A morte no avião” nos aproxima de reflexões existenciais, um poema como um bordado. Li várias vezes “Caso do vestido” (Rodriguiana), para me aproximar do self.
Enfim, passar um final de semana com Drummond, é viajar entre feridas e alegrias da alma.
A nova edição é de 2022 (Editora Record)
(…)Uma flor nasceu na rua!/passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada/ ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu (…)
“A flor e a náusea”.
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