A metáfora dessa palavra é gigante, agora quando sabemos a verdadeira história dessa música do Chico e Gil, a metáfora pode transformar-se em ato político. Escutei hoje essa música e me emocionei como da primeira vez, mesmo sabendo como foi escrita. Coisa de gênios
Gil chega “feliz” no apto do Chico, na frente da Lagoa – Rio de Janeiro, lógico – (olha a associação) e apresenta rabiscos da letra de uma música. O encontro certamente não seria no “seco”, Chico oferece uma bebida muito forte, num cálice (olha aí outra associação) para molhar a garganta do companheiro. Escutei essa história em uma entrevista com o Gil muitos anos atrás. Segue ele dizendo que a bebida era tão forte que pediu insistentemente para o Chico afastar o cálice de perto. Como isso não ocorreu, horas depois, o monstro da lagoa começou aparecer. Só restou “uma maneira de ser escutado.” O ato político é por sua conta.
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
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