Lembro muito bem dos meus medos do mar e das piscinas. Os medos se misturavam com indignação, com impotência e isolamento. Passeava pelas areias de Guaratuba calçando bota ortopédica, cansei de escutar de banhistas sobre a ”minha deficiência”. Mas isso não me atrapalhava, pelo menos me sentia mais seguro nas areias. Em compensação, olhar para os irmãos e amigos dentro d’água era decepcionante, um desespero. Esse “cocktail” indigesto, esse fragmento de medo e euforia, me empurrou para o principal, aprender a nadar.
Sem autorizações da família, iniciei o aprendizado no próprio clube que estudava, mas com medo do principal, da água, quem sabe do desconhecido. Foram muitas aulas para aprender a flutuar, poucas depois para nadar. De lá para cá, creio que esta certeza na minha vida – e tenho poucas – me ajudou a crescer emocionalmente, a natação permaneceu fiel em minha vida. Platão estava certo. Em algumas coisas na vida precisamos acreditar e investir, o que chamam de projeto.
Ricardo Prado, nosso medalhista mundial nos 400 metros medley, em Guayaquil, em 02 de agosto de 1982, é um exemplo desse projeto de vida.
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