Nós pensamos todos os nossos atos. Não fazemos nada sem um penoso processo mental. Antes de atravessar a rua, ou de chupar um chica-bon, o homem normal é lacerado de dúvidas. Ele estaca diante da carrocinha amarela e, acometido de uma perplexidade hamletiana, pergunta, de si para si: – “Tomo ou não tomo o chica-bon?”. O ser humano pensa demais e é pena, pois a vida é, justamente, uma luta corporal contra o tempo. Só Garrincha não precisa pensar. Enquanto os outros se atrapalham e se confundem de tanto pensar, Garrincha age com uma rapidez instintiva e incontrolável. Por isso, porque não pensa, posso apontá-lo como a maior sanidade mental do Brasil. (1958)
Deslumbrante país seria este, maior que a Rússia, maior que os Estados Unidos, se fôssemos 75 milhões de Garrinchas. (1962)
Garrincha é como um livro que se relê. Já sabemos o seu fim. (1969)
Nelson Rodriges
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