Se Gaia, a terra, é o nosso chão, Urano tornar-se-á nosso céu, quando Kronos agarra o sexo do pai e o corta, com a mão esquerda – sinistra, sempre será a mão ruim -, isso vai simbolizar o nascimento de espaço e do tempo, ou seja, elementos fundadores do cosmos. É bom lembrar com essa história, da castração de Urano, que surgem aí o nascimento do tempo e da história, decorrentes do aparecimento de novas gerações. ” O nascimento dos Titãs simboliza o nascimento da sucessão das gerações.”
A história não para por aí; Kronos desposa uma de suas irmãs, uma “Titânide”, chamada Reia. Pra variar, eles terão seis filhos. Kronos sabe que pode acontecer com ele o mesmo que aconteceu com seu pai, então decide devorá-los também, antes que comecem a crescer. “Vemos aí também um símbolo do tempo que “devora” a si mesmo, continuamente: os anos devoram os meses, e as semanas consomem os dias, que engolem as horas, devorando os minutos, que engolem os segundos.”
Por supuesto, Reia reage como Gaia, sua mãe. Toma coragem e salva o filho mais novo – Zeus, aquele que vai se tornar o rei dos deuses e construir o cosmos, assim que tiver dado fim ao prolongado reino de Caos.
Para terminar a síntese da história, “é justamente esse mundo que os estoicos vão designar pelo nome de cosmos. Eles dirão que ele é ao mesmo tempo divino e lógico; divino porque é feito pelos deuses e não pelos homens, mas lógico porque é compreensível pela razão. É sobretudo esse cosmos harmonioso que vai definir a vida boa, definir o sentido da vida. A vida boa é a vida em harmonia com a harmonia do mundo.”
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