Nas minhas pedaladas de final de semana tenho a oportunidade de me comunicar com pessoas extraordinárias e verdadeiras. Em geral são pessoas simples e bem humoradas. A certeza dessa minha introdução está nos lugares que encontro, quase sempre pouco habitados e longe do urbano. Aproveito para conhecer a “baixa gastronomia”, quase sempre de muita qualidade e preço acessível. Soma-se a isso, paisagens bucólicas e, principalmente, maior segurança no trânsito.
Por costume de fisioterapeuta, tenho o hábito de prestar atenção de como as pessoas deambulam, como se equilibram em situações diversas, o assunto das conversas e na beleza dos “causos.”
Foi então que percebi, num desses meus “retiros” um homem de uns 50 anos, comunicando-se como se estivesse alcoolizado, sem equilíbrio na marcha e com muitas dificuldades de se comunicar. Na mesa em que se encontrava o cidadão, só vi garrafas de refrigerante. Descartei a bebedeira, sobrou um diagnóstico incerto. Qual o interesse nesse caso? Curiosidade, aprendizagem. Depois de outros sinais que percebi, sinalizei como Esclerose Múltipla, mas sem nenhuma certeza. Enquanto bebia uma cerveja, me aproximei do homem e começamos a prosa. Com dificuldades, entendia a prosódia do cidadão, e pudemos avançar em outros assuntos. Na primeira oportunidade, perguntei qual era a doença ou transtorno que ele apresentava: Doença de Machado-Joseph
Algumas características dessa doença: Disartria, disfagia, diplopia, falta de equilíbrio, rigidez muscular em membros inferiores (MI), cãibras, formigamento nos pés, incapacidade de marcha progressiva. Diminuição da força em membros superiores. É uma doença genética.
Além de mais um conhecido, aprendi um pouco mais sobre a alma do homem.
Deixe um comentário