Tornar a existência mais leve, tecendo a manhã, como escreveu João Cabral de Melo Neto, mesmo que ela, como agora, tenha sido tão brutalmente atingida na forma violenta, que abarrota nossos corações de tristeza. Saímos da cama, com a percepção de que a vida urge em ser mais leve. Será?
Na insegurança humana em acreditar nisso, recordo sempre de Johan Huizinga (1872-1945), conheci sua teoria nos anos de faculdade. Autor clássico de “Homo Ludens”, suas teorias perpassam na certeza de que o jogo é central para a civilização. A certeza é tamanha, que todas atividades humanas, incluindo a guerra e política, podem ser vistas como o resultado de um jogo.
A teoria é tão séria, que os jogos da infância não são esquecidos, em compensação, nossas máscaras do antijogo encobrem o pífio espetáculo da fase adulta, da pobreza da competição, da falta de criatividade, do “espetáculo” da violência.
Por que a ludicidade se perdeu em nossas vidas? O mundo contemporâneo ou o pós, tanto faz, se empenhou nas trilhas do “ter” e esquecemos do “Ludens”. Que pena! Se ainda for possível, joguemos com vontade de transformar esta seriedade que aniquila qualquer sensação de leveza.
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