“Esta é uma publicação polêmica, que corre o risco de desagradar a quem não estiver disposto ao tensionamento e ao desconforto crítico, a quem não estiver aberto a desnaturalizar certas formas de pensamento e empreender um complexo giro reflexivo, tomando em conta lugares e perspectivas diversas de entendimento.
Reunindo produções científicas variadas, bem como narrativas de ex-gestores municipais e de agentes populares, discute-se aqui os sensos e dissensos das múltiplas formas da desigualdade em Curitiba-PR, inscritos e analisados a partir do repertório discursivo da “cidade modelo”. Nessa senda, expõe-se as semânticas que fundamentam esse ideário e explora-se arranjos de apartheid territorial e de ocultações simbólicas pelos quais ele se mostra insuficiente para dar conta da realidade de vida daqueles que não experienciam o núcleo dos acessos e das pertenças curitibanas – os nossos cidadãos nãos cidadãos.
Em que pese o imperativo de reconhecermos elementos valorativos no modal urbano, o tempo histórico em que vivemos reclama uma revisão do conceito de desenvolvimento e uma atualização do escopo de seus significados e prioridades. Para sermos cidade modelo impõe-se firmar um repto contra o macro arranjo das desigualdades ativas entre nós, de modo a colimar o pertencimento e bem-estar coletivo em sentido ampliado.” (Org.)
P.S. Junto com Sueli Fernandes e Enio R. da Rosa, participamos deste livro, no capítulo “Deficiência, Desigualdade e o Direito à Cidade Por Pessoas com Deficiência em Curitiba,” livro que será lançado em breve. Para mim foi uma alegria em estar ao lado de tantos profissionais gabaritados em discutir a cidade de Curitiba, na perspectiva da desigualdade. Espero que o livro contribua com uma cidade mais inclusiva.
Deixe um comentário