Não troque de canal, já falo o nome dele. Antes preciso explicar porque assumi este compromisso. Não é da minha personalidade assumir compromissos, mas desta vez, sou obrigado.
Recentemente, próximo da minha casa, presenciei delírios e alucinações de um vizinho. Num primeiro instante, paralisado com as alucinações auditivas do rapaz, confesso que não identifiquei o caso. Delírios, alucinações, alterações de pensamento, são os principais sintomas da esquizofrenia. Outros sintomas, menos comentados, mas de igual magnitude, são: desconfiança excessiva, indiferença e apatia.
Um em cada 100 pessoas é a frequência desta população. Os esquizofrênicos quando tratados, podem levar uma vida “normal”, como qualquer um deseja.
Pois bem, a esperança de não ser acometido por um transtorno deste é que o aparecimento da esquizofrenia situa-se entre os 20 e 30 anos (no Brasil há cerca de 1,6 milhão de esquizofrênicos). Como já passei desta idade, fico mais esperançoso. Esperança de não perder a qualidade de liberdade de pensamento.
Estar e permanecer neste mundo “perturbado”, é de uma tarefa extremamente difícil e peculiar. Nossas idiossincrasias, nossos “fantasmas” e inseguranças de toda espécie, tornam-nos muito vulneráveis. Esta linha divisória entre o racional e o delírio, é o que me aproxima do “outro homem.”
Este “outro” convive comigo há muito, mas só agora posso assumir. Nos aproximamos pelo prazer do diálogo e da companhia. Hoje tenho coragem do desabafo, de apontar minhas fraquezas e inseguranças. “Ele” me escuta, me encoraja e me aceita. Idealizar está longe do desejo, como desconexo é viver e não se reconhecer.
Quem me ensinou isso foi Thérese Bertherat, no seu livro, O corpo tem suas razões, soube dessa referência quando ainda cursava Fisioterapia, foi, quem sabe, minha primeira terapia corporal. Depois de muitos e muitos anos, incorporei os ensinamentos de Bertherat. Nunca mais fiquei sozinho.
Sinto, mas ele não me permite divulgar o nome.
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