Desde que conheci pela primeira vez a história e a filosofia de Pico della Mirandola, me convenci que só a filosofia poderia responder questões existenciais na minha vida. Não era tão jovem assim, mas o suficiente para entender melhor o que fazia e faço nesta passagem.
Pico, muito jovem e estudioso das tradições culturais, lança uma pergunta: o que há, no fundo, de tão admirável no homem que nos permite fundar sobre ele uma nova moral? A pergunta na época tornou-se para muitos o grande edifício do novo humanismo.
Só para lembrar, estamos antes de Rousseau, Kant, Sartre, Heidegger e o restante. Os escritos de Mirandola, respingam em todos os filósofos mais conhecidos e lidos.
Para simplificar a teoria de Pico, pelo menos o que pretendia como inovador, fugindo das afirmações mitológicas e cósmicas, mesmo que tenha usado uma história da mitologia para confirmar como fomos criados, apontando a nossa fragilidade e desepero.
Fomos criados diferentemente dos animais, estes, com um destino determinado pela natureza. O nosso, sem nenhum “equipamento” próprio, Pico indaga: “Por esse motivo, seríamos de longe, os menos talentosos, os menos bem-dotados de toda a criação, os únicos a nada receberem como herança do próprio pai?”
Sartre dizia, se o homem não é nada no início, é “nada”. Eis aí o grande alicerce de Pico para outros filósofos e para os mortais como eu e você; somos o único vivente neste mundo radicalmente livre para inventar o futuro, ” mais admirável até que os seres superiores, anjos e serafins, que não podem escolher outras vias senão as do bem e são, nesse sentido, desprovidos de livre-arbítrio e privados da possibilidade de ter outro destino além daquele que lhes é, por natureza, recomendado.”
Isso é muita coisa para nós mortais, infelizmente não tomamos consciência desta dádiva, escolher o caminho do futuro e a estrada seguinte, apenas nós fomos providos deste poder.
Nem sempre escolhemos o melhor caminho, que pena!
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