Fui chamado recentemente para um novo desafio acadêmico, reunir antigos amigos e reescrever um livro. Melhor, ajustar conteúdos e lançar uma segunda edição. Um dos prazeres da edição e organização de um livro é reencontrar companheiros que se dedicam pelas mesmas causas. No caso do livro, são as pessoas que não enxergam.
Coube-me pensar em momentos e situações cotidianas em que um cidadão precisa sair de casa para trabalhar, pegar um ônibus e enfrentar às desigualdades de uma sociedade preconceituosa e desinformada. Cabe a este indivíduo, tomar decisões permanentemente, sem poder pestanejar, sem pausas de divagações.
O processo é doloroso mas necessário, o indivíduo cego neste caso, necessita orientar-se e a partir daí, mover-se. A diferença que a orientação não é pela visão, como facilmente fazemos, e sim, pelos demais sentidos. Incluindo ainda – podemos acrescentar como mais um sentido – a propriocepção.
A propriocepção (entende-se como pequenos cérebros/receptores nos músculos e articulações), estes sensores (órgão tendinoso de Golgi, Fuso muscular e outros) passam a colaborar com os movimentos executados pelo transeunte sem visão, são eles que orientam como o corpo precisa agir. O mesmo acontece com os videntes, apenas não damos muita bola para eles, já que a visão compensa estes.
Percebe-se, então, como o corpo precisa se multiplicar para compensar a falta de um único sensor. Desta forma, procuramos entender como alguns conseguem se superar e reconhecidos socialmente.
Mover-se é imprescindível!
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