Sexta-feira publiquei “Estão matando muito ciclista por aí,” ontem cedo, tive a infelicidade de pedalar novamente pela BR 277 e ver mais um corpo estendido na estrada. Mais um ciclista atropelado por um motorista alcoolizado.
Segundo a imprensa, eram 5h30min da manhã quando aconteceu o acidente (acidente?). O ciclista estava indo para o trabalho. Os restos da bicicleta assustam qualquer cidadão. O assassino vai pagar uma fiança e continuará pelas ruas e estradas da vida. O ciclista?
O ciclismo, mesmo que tenham ensinado errado para a gente, não é individual, é coletivo. A partir dos primeiros “pedais” estamos sujeitos a seguir regras: direção, velocidade, prevenção, leis, regras e cidadania. Se é coletivo; motoristas, polícia, pedestre, políticas públicas precisam cumprir suas missões. Quando isso não acontece, mais uma vida se perde.
Mesmo que os ciclistas em algumas situações corriqueiras descumpram algumas regras, em geral, os motoristas são os maiores responsáveis pelas tragédias. Com tudo isso, fico indignado em não escutar uma voz dos maiores representantes do esporte; federação de ciclismo, secretarias de esporte, atletas, associações de ciclistas, políticos, etc…se preferir, representantes da vida, todos nós.
Todas entidades representativas que “trabalham para a sociedade” (coletivo), esquecem que a maioria das tragédias poderiam ser evitadas. Também esquecem que a morte é solitária.
Nestes momentos de revolta com o mundo, lembro de Bertolt Brecht, uma insensatez para a nossa passividade:
INTERTEXTO
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
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