Mais especificamente no youtube – Travessia: Debate sobre o Brasil profundo. Um encontro para o lançamento do livro de Eduardo Moreira, o economista que aderiu causas populares, ou melhor, resolveu conhecer o Brasil “ao vivo”. Acompanha Eduardo no debate Leonardo Boff e João Pedro Stédile. Pessoas que conhecem o Brasil como ninguém (18/11/21).
Para conhecer o nosso país e a nossa história não bastam os livros, é preciso conhecer de perto, a realidade é muito diferente do que a maioria imagina. O debate perpassa por esta temática, um assunto ainda pouco discutido em nossas classes sociais. Vale o tempo!!!
Uma das grandes coisas que a universidade me ofereceu foi conhecer de perto um “outro” Brasil, era acadêmico de Educação Física, jovem, e aceitei a proposta do Projeto Rondon. Desenvolver um projeto em Imperatriz do Maranhão. Foi ali que vi pela primeira vez crianças no meio de estrumes para encontrar alguma comida. Fiquei marcado com a cena e a partir daquele momento, meu projeto Rondon esvaiu-se. Perdeu-se o sentido de valorizar o corpo quando o problema era a fome. Por ser muito jovem, perdi o sentido na permanência no projeto, resolvi rediscutir com o resto do grupo um novo sentido da viagem. Como em qualquer projeto político, desenhos o projeto em Curitiba/Pr sem saber nada sobre Imperatriz, sem conhecer a realidade na qual queríamos mudar.
Tive uma segunda oportunidade de viver o verdadeiro Brasil, e não pensei duas vezes para me enfronhar em outra realidade. Dois dias da formatura, peguei um ônibus (5 dias e noites de viagem) e fui morar em Rondônia, na capital, mas trabalhar na área rural. Desta vez mais preparado, como profissional, mas ainda cercado de dúvidas e medos. A revolta veio mais tarde.
Na zona rural trabalhei em duas escolas, e ali descobri pessoas maravilhosas. A única formada e alfabetizada era a diretora das escolas, os demais professores eram analfabetos funcionais, assim mesmo, todos empenhados na educação de uma porção de crianças, jovens e adultos. Mas todos empenhados em refundar uma nova forma de viver, mesmo com pobreza e solitários na luta pela mudança.
Não vou tomar o tempo dos poucos leitores, quero apenas dar meu depoimento de como cresci e como foi contagiante viver com pessoas especiais que me ajudaram a entender o Brasil desigual. Nunca esqueci de como é difícil viver no Brasil, o Brasil tem cor e quanto somos responsáveis por isso.
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