Desta vez o livro foi ofertado pelo sobrinho chará “tio, este você precisa ler”, e como pretendia dizer que o livro vai entrar na fila, ele não me emprestaria, resolvi agradecer e levar para casa. Como nas indústrias da Ford, alcei o livro da Polonesa Olga Tokarczuk (Ed. Todavia) na linha de “montagem” para pronto atendimento. Olga ganhou o prêmio Nobel de Literatura em 2018, outro motivo para furar a fila.
William Blake (“Conduz seu arado sobre os ossos dos mortos”) é o poeta lembrado pela personagem durante o romance/suspense escrito como uma investigação policial, permeado de passagens sobre a existência humana. “Aquilo que se desprende do corpo suga um pedaço do mundo, e não importa o quanto foi bom ou mau, culpado ou imaculado, ele deixa atrás de si um grande nada.” Esse “nada” há tempo é existencial para mim, foi motivo para gostar da trama do livro. ” Todos nós seremos um dia nada mais do que um corpo morto.”
Outra trama são os ensinamentos que Janina Dusheiko, professora aposentada e personagem principal do livro, narra sobre a influência da astrologia sobre as nossas vidas. Uma verdadeira aula sobre os Cosmos, os efeitos dos astros na vida das pessoas. Olhares cuidadosos para os céus e suas repercussões, como uma cartomante olhando para as cartas.
Por isso mesmo o livro é raridade, quando sabemos que os de autoajuda são preferência da maioria. Janina também é raridade, por isso o apelido de “loba solitária.”
Como nos faz pensar Janina Dushieko “É no crepúsculo que os fenômenos mais interessantes acontecem, pois é quando as diferenças simples se apagam. Eu poderia viver num crepúsculo eterno.”
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