Ontem, isso mesmo, terça de carnaval, abri uma palestra precisando fugir do assunto principal e me arrisquei em “desdobramentos da realidade.” Havia um clima em sala – aula remota – de melancolia e expectativa, os alunos aguardavam o “novo.”
Comentei, sobre o assunto proposto, que a realidade objetiva é que norteia a nossa vida, mesmo que alguns discordem das provas. Entre outros exemplos, disse que, se a ciência já provou que a cloroquina não serve para prevenir a Covid, por que alguns insistem se há um objeto de estudo pesquisado?
Há também a realidade subjetiva, que é perpassada pelos nossos sentimentos, crenças e criação. Usando o exemplo anterior, pessoas acreditam na cloroquina pelo fato de que próximos se “recuperaram” da covid usando o tal medicamento. Sem entrar na tese do certo/errado, a subjetividade também é necessário para a vida, desde que sejamos reflexivos com as nossas decisões. Concluí para os alunos: “se formos viver na subjetividade, viveremos como clones, é isso que preferem da vida?”
Mas o “novo” nesta minha fala, é que existe um terceiro nível de realidade: o intersubjetivo. “As entidades intersubjetivas dependem da comunicação entre humanos, e não das crenças e dos sentimentos de humanos individualmente.” Me explico. Somos moldados culturalmente por uma rede de histórias, estas, podem nos levar a pensar que algo que está acontecendo em minha volta ou na minha vida é muito importante e real. Por exemplo, casar-se! Hoje menos, mas em gerações anteriores casar era o destino do todos e todas. Quem não se casava “algo de errado tinha.” O sentimento do casamento era tão profundo, que não se pensava em viver diferente do matrimônio. E a geração atual, o que pensa do casamento? Será que eles dão importância para esse ritual social? Lógico que não, o que era significativo para uma geração, hoje deixa de ser. Lembre-se que as “pessoas reforçam constante e reciprocamente suas crenças, num ciclo que se autoperpetua.” Chega um momento que não temos mais opção a não ser acreditar naquilo em que todos acreditam.
Realidade intersujetiva, é difícil, mas vivemos com ela.
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