Você é feliz? Pergunta difícil, não? De outra forma: o que lhe deixa feliz? ou, o que não lhe deixa feliz, talvez seja mais fácil responder. As respostas destas questões invariavelmente são respondidas pelo senso comum. Quem sabe uma felicidade “superficial.” Melhor mesmo, já que o espaço não permite um aprofundamento do assunto, retomar o que os primeiros escritos já diziam sobre o tema.
Epicuro, há 2300 anos (minha principal referência) dizia que a busca sem moderação do prazer, não traria felicidade para ninguém. Contrário à existência dos deuses, Epicuro era cético na possibilidade pós-vida, insistia em um pensamento da busca, pelos humanos, da felicidade eterna. A busca impensável pelos prazeres. Insisto, estamos nos reportando de alguém que falou sobre isso há muito tempo. Buda, para ficar nos mais conhecidos, foi mais enfático; dizia que as sensações prazerosas é a verdadeira raiz do sofrimento. “Essas sensações são apenas vibrações efêmeras e inexpressivas. Mesmo quando as experimentamos, não reagimos a elas com contentamento; em vez disso, ansiamos por mais.”
Voltamos então aos dias de hoje; por que as pessoas, então, se sentem tão infelizes? Não passam fome, tem seus empregos, iPhone, sexo liberado, viagens etc…etecetara. Esqueçamos Epicuro e Buda, esqueçamos nossos pais e amigos. Para me ajudar nesse raciocínio, consulto o oráculo (Yuval Harare), “para o rolo compressor capitalista, felicidade é prazer. Ponto” E assim pensamos, ou pelo menos tentamos explicar felicidade. Isso serve?
O devaneio, o prazer e a ilusão no processo para alcançarmos algo é negligenciado em troca do resultado final. Somos empurrados pelas redes sociais, pela cobrança do mundo capitalista em “mostrar” nossas metas de vida. “Cada ano que passa diminui nossa tolerância em relação às sensações que não oferecem prazer e aumenta nossa ânsia por sensações que o provocam. Isso justifica a riqueza dos laboratórios de medicamentos. Cada vez mais buscamos um medicamento para apaziguar a angustia na ausência de um prazer duradouro.
Por fim, as amizades duradouras são exemplos simples para explicar felicidade, não precisamos ganhar nada para mostrar aos amigos. Basta um encontro ou uma chamada, nossa alegria em saber deles é irradiante e verdadeira. O restante é pura vaidade.
Deixe um comentário