Não sei exatamente quando isso aconteceu, às suspeitas são na minha ida para estagiar no Projeto Rondón, ainda universitário, quando passei uma temporada no nordeste brasileiro, presenciando o que era o Brasil e, principalmente, como me encontrei no meio do “nada.”
Escrevo isso porque obrigatoriamente alguns dias do ano me isolo, como um eremita, buscando a solitude perdida da cidade grande. Desde à época das leituras do zen budismo (o judô me proporcionou essa descoberta) busco o nirvana, mesmo sabendo que não vou encontrá-lo. A descoberta do livro “A arte zen da manutenção das motocicletas” foi o estopim para iniciar a caminhada (moto, bicicleta, carro, caminhando….). O livro trata da viagem de moto de um homem com seu filho. Na busca de um reencontro, os dois descobrem a origem das suas solidões, do vazio. A moto acaba sendo o mediador da lucidez das conversas, assim mesmo, viajam e se reencontram com a natureza, apesar da distância e dos problemas mecânicos da moto. Esta viagem despertou a minha viagem.
Como nos anos anteriores, este, em especial, reforçou a importância de fazer da solitude um trampolim para me aproximar ainda mais da natureza. O cenário belo e bucólico pode ser o melhor motivo para descobertas íntimas e pessoais. Carl Sagan tinha razão quando em 1990, a sonda espacial Voyager I tirou uma fotografia do planeta Terra “Ela deveria inspirar mais compaixão e bondade nas nossas relações, mais responsabilidade na preservação desse precioso pálido ponto azul, nossa casa, a única que temos.”
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